Lascívia
- Director: Dandara Luisa
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Uma dor sufocada, uma realidade não demonstrada: é da invisibilidade que o grito ganha eco. Morrereis, mas destruirás as estruturas desse velho cis-tema. Chorarás, mas o teu sangue clamará por justiça. Tua existência não será perdida, ó mulher lascívia. Em um bar refletindo sobre um assédio que houvera sofrido em uma noite anterior, Madelena, mulher transexual, está tomando uma cerveja quando é abordada por um rapaz que a observava, chamado Edmilson. Ao rejeitar as investidas do moço, insatisfeito, Edmilson arrasta Madalena para um casarão antigo e a viola sexualmente.
Madalena se torna a mulher Lascívia no momento em que deixa de ser uma mulher admirada, luxuosa, e se torna um corpo invadido. Uma mulher tão desejada e indesejada ao mesmo tempo. Um corpo que depois do prazer precisa ser eliminado para esconder a vergonha de quem o tocou. Até quando se envergonharás de nossos corpos, mas se embriagarás da nossa carne? Lascívia é, antes de tudo, a vivência de muitas. É, acima de tudo, um ato político. Trata-se de corpos abjetos; do derramamento de sangue invisível; do extermínio de muitas travestis e mulheres transexual; da invasão ao corpo daquelas que são vistas como um ser fácil, acessível e que precisa ser eliminado. O curta grita para o mundo e denuncia a realidade que nunca fora demonstrada, que sempre fora apagada, mas que se torna presente em cada esquina, em nosso dia-a-dia.
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